sexta-feira, 29 de março de 2013

quando os pássaros migram


você  precisava partir
um jeito de descortinar a casa
precisava sair de b
deixar para trás uma cidade
& suas memórias
para muitos uma fuga
pra você dava na mesma
[de lá apenas a chuva em sua cerimônia de adeus]
nada mais para ouvir
menos ainda para falar
estradas
             ausências
                             silêncio
uma geografia de exílio & ócio
agora atravessa teus olhos
vias & rodovias
                         no mapa
todo plano parece mais fácil & rápido
você sabia que algo é mais adiante
o caminho a distância o destino
você ainda tem esse fôlego pra ir
& voltar [se voltar]

3 comentários:

Anônimo disse...

Então, eu pergunto: como conversar com o poeta? Como aprisionar nos sentidos o significado da palavra em fuga? A palavra desancorada é um poema ou um metapoema, que oculta tudo o que pretende revelar? O poeta odeia que se façam perguntas ao seu silêncio, e é desse silêncio, que ele não pretende ver quebrado, a sobrevivência do poema. Agora penso que conversamos bem, porque nos desentendemos mais uma vez.

Unknown disse...

O silêncio que faz pensar, que se volta para dentro de si mesmo, que se enxerga no profundo reflexo de si próprio. O silêncio que revela quem eu sou e me faz conhecer de mim mesmo. O silêncio desse poeta me leva ao porto de mim mesmo e como sou tão complexa e grandiosa sempre sou convidada a descobrir novos segredos. O silêncio desse poeta me embriaga a prosseguir nesse eterno poço sem fundo!

Anônimo disse...

O silêncio oculta o inconfessável, os medos e desejos mais insanos que habitam em nosso "submundo", é o lugar onde nossos demônios são livres para brincar. "QUANDO OS PÁSSAROS MIGRAM", adoro este poema! Uma vontade loucar de partir deixandotudo para trás, todos os medos, preocupações, obrigações enfadantes, desilusões de uma vida real... Da até vontade de ir junto... me leva?! Mas isso só é possível no silêncio pq aqui não da nem para sair de "B"...